UA-78357878-1 A Line leu: [Resenha] Diga aos lobos que estou em casa (ou: o primeiro luto a gente não esquece)

10 de maio de 2016

[Resenha] Diga aos lobos que estou em casa (ou: o primeiro luto a gente não esquece)

Título: Diga aos lobos que estou em casa (Original: Tell the wolves I'm home)
Autor: Carol Rifka Brunt
Editora: Novo Conceito
Ano: 2014

Resenha no instagram :)

Eu não costumo fazer isso, mas esse livro eu escolhi pela capa. Eu estava em uma feira de livros, escolhendo alguns títulos dentro de um orçamento limitadíssimo, e essa capa (linda) me cativou. Não dei tanta atenção quanto deveria à sinopse, porque estava encantada demais com essa capa verde toda trabalhada, mas acabei dando muita sorte: “Diga aos lobos que estou em casa” é um livro sensacional.

Ambientado no final dos anos 80, o livro tem um tom familiar e íntimo. É fácil nos sentirmos próximos da realidade apresentada nele. Quem não foi um adolescente perdido, deslocado e aprendendo a lidar com as dores do primeiro amor e do primeiro luto? Essa é a situação de June, nossa protagonista que, aos 14 anos, tenta viver apesar do pesar e da imensa perda que acabou de sofrer.

(Pausa para um adendo pessoal: GENTE, mas quanto protagonista adolescente nesses livros hein? 14 anos, galera, eu tava pulando corda e essas crianças já estão aí salvando o mundo e evoluindo emocionalmente. Eu hein. Fim da pausa, fecha parênteses.)

June é uma menina tímida e acaba de perder o tio, irmão mais novo de sua mãe. Seu Tio Finn era a única pessoa em todo o mundo que a compreendia e amava, e a perda dele é devastadora. Finn era jovem, talentoso, sensível e June estava secretamente apaixonada por ele. Sua morte foi causada por um assunto que todos ao redor dela tentam evitar; June perdeu seu tio para a AIDS. 
(...) Fiquei sentada ali observando o chef japonês e perguntei-me o que aconteceria comigo sem Finn. Eu ficaria idiota pelo resto da vida? Quem me contaria a verdade, a história real que estava por baixo do que todas as outras pessoas conseguiam ver? Como você se torna alguém que sabe dessas coisas? Como você se torna alguém com visão de raio-x? Como você se torna Finn?

Enquanto tenta digerir e enfrentar uma vida sem seu Finn, June lida também com uma relação problemática com sua irmã mais velha, Greta, e com a ausência de pais muito ocupados trabalhando, embora sejam ambos preocupados e amorosos. No meio desse turbilhão, um homem entra em contato com ela. Ela já o viu uma vez, no velório de Finn. Embora todos a aconselhem a ficar longe desse homem, June está desesperada por qualquer detalhe, qualquer fiapo, qualquer breve vislumbre de lembrança do tio, e começa a se comunicar com Toby, o misterioso companheiro viúvo de Finn.


A relação que os dois desenvolvem é extremamente frágil e delicada, assim como o são June e Toby. Quando se encontram e a cada minuto que se conhecem melhor, June e Toby se olham como se olhassem para um espelho. O homem na casa dos 30 e a menina na casa dos 14 se reconhecem na imensidão de sua dor, de sua perda e de sua solidão. Ele a entende e vice-versa. Quando estão juntos, podem se lembrar de Finn com nostalgia, amor e plenitude, sem julgamentos. Podem caminhar juntos em direção a um futuro em que a perda dele seja lembrada, mas já não represente uma dor tão paralisante.

Finn não aparece no tempo atual do livro. Tudo o que sabemos sobre ele é indireto, vindo através do véu da saudade e do amor com que ele é lembrado. Ainda assim, Finn protagoniza essa história ao lado de June e de Toby, sempre presente em todas as cenas e decisões, sempre tocante e insubstituível. Finn é um artista, sensível e gentil, respeitado e famoso por seu talento. Mesmo as mágoas que ele deixou são perdoáveis e não é possível estar indiferente à sua presença-ausência. É fácil compreender a falta que June e Toby sentem dele porque é fácil imaginar a alegria que ele representava para os demais personagens.


Esse é um livro bonito. Profundamente triste e tocante, desenvolvendo assuntos como o amor, o amadurecimento e o luto, lado a lado com suas versões mais sombrias, o ódio, a imaturidade, a recusa ao encarar uma perda. “Diga aos lobos que estou em casa” é um livro para ler de coração aberto e chorar junto com June, junto com Toby, seguir com eles em suas jornadas e se encantar com suas trajetórias.


A escrita é lírica, leve e te convida a ler com calma, para absorver as camadas e entrelinhas. O livro fecha um ciclo perfeito da história, começa no melhor momento, termina do jeito justo. Não mudaria nada nele. N-a-d-a. Lindo!

E, inaugurando o novo modelo de avaliação aqui do blog, essa históra ganhou 5 estrelas:


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2 comentários:

  1. Oi Aline!

    Que lindo! Fiquei emocionada com a sua resenha, imagina com o livro!?
    Eu só não entendi o titulo rsrs

    beijos

    tear-de-informacoes.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Ah! Bem lembrado haha Antes de partir, Finn deixa pra June e Greta um retrato pintado das duas. O nome do quadro é "Diga aos lobos que estou em casa" :)
      Que bom que gostou da resenha! Se você conseguir ler o livro, tenho certeza que vai adorar! *_*
      Obrigada pela visita =*

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