UA-78357878-1 A Line leu: [Resenha] Mentirosos (ou: eu sei o que você fez no verão passado)

21 de fevereiro de 2016

[Resenha] Mentirosos (ou: eu sei o que você fez no verão passado)

Título: Mentirosos (Original: We were liars)
Autor: E. Lockhart
Editora: Seguinte

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Eu li a sinopse e não entendi o que ia acontecer no livro. Comecei a história sem nenhum contexto, sem saber direito onde aquilo ia me levar. E me levou longe.


A narração tem como protagonistas os Sinclair, uma tradicional família rica americana, com todo o seu porte, sua pompa e seus segredos. Nós os conhecemos por meio de Cadence, a primeira neta do magnata Harris Sinclair, uma adolescente de 17 anos com um passado nebuloso.

Todos os verões, Cadence, sua mãe, tias e primos se reúnem na ilha particular (!) da família, para passar as férias todos juntos com os avós. Cady tem uma relação próxima com seus dois primos, Johnny e Mirren, e com Gat, o sobrinho adotivo de uma das tias. Os quatro tem a mesma idade e se encontram todos os anos para viver aquele mundo de sonho e de aventuras. A família os chama de "mentirosos".Com personalidades complementares, os Mentirosos formam um time imbatível.

"Nós quatro, os Mentirosos, sempre fomos.
Sempre seremos. 
(...)
Essa ilha é nossa. Aqui, de certo modo, somos jovens para sempre."
p.150

No verão dos quinze anos, Cadence sofre um acidente. Ela se lembra de poucos flashs da história, tem pequenos lampejos dolorosos de lembranças sobre as quais ninguém quer falar. Durante os dois anos seguintes, Cadence é impedida de ir para a ilha. Sem notícias, sem informações e sem contato com seus três melhores amigos, Cady sofre com o vazio de sua memória e com constantes dores de cabeça que a incapacitam por dias a fio. Cansada das negativas da mãe em recontar o que houve e do silêncio do restante da família, Cady insiste.

No verão dos dezessete, Cadence volta à ilha para tentar reconstruir sua memória e finalmente entender o que aconteceu.

Enquanto enfrenta seus fantasmas e busca por vestígios da própria história, Cadence vai aos poucos se dando conta de que a vida de sonho dos Sinclair também é uma vida de segredos, de renúncias, de perdas. Uma vida cercada de pequenas dores esmagadas por sorrisos forçados, roupas caras, status social. Os Sinclair vivem vidas reais que não tem espaço dentro dos limites da ilha. Se moldam para caber na realidade mitológica que criaram para si mesmos.

A estrutura do texto é fragmentada, com idas e voltas do passado, confusa como a mente de sua narradora. As linhas de raciocínio são frágeis e muitas frases ficam no ar, outras tantas só fazem sentido depois da resolução do mistério. Apenas uma amostra da bagunça interna de Cady.

A resolução do mistério cai como uma bomba. O que aconteceu no verão dos quinze deixou cicatrizes profundas e ainda faz eco em todas as decisões da família desde então. É um final que te abala, te confunde e deixa uma sensação de solidão. O preço que se paga para se manter a aura mística da família é tão alto que dói em todos os envolvidos - inclusive o leitor.

A obsessão de Cadence com os contos de fada é mostrada de uma forma ao mesmo tempo forte e delicada, assim como toda a narrativa alterna entre trechos líricos e brutalmente diretos. O livro é uma coleção de opostos e mesmo o final, com um enredo tão bem trabalhado que não poderia ser diferente, continua sendo inesperado. É um livro para despertar sensações e provocar reflexões. Com certeza vou procurar mais títulos da autora para ler! Essa é uma história que vai seguir comigo por um bom tempo.

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