Autor: David Quammen
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance/Ciências Bilógicas
Ano: 2008
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Esse livro me ganhou na sinopse. Eu estava numa feira de livros (a mesma em que comprei "Diga aos lobos que estou em casa") e estava sendo muito cuidadosa para escolher, porque só poderia levar 2. Mas quando eu li a contracapa e entendi que esse seria um livro para entender o que estava acontecendo com o mundo e qual era a nossa parte nisso (enquanto humanidade), eu virei a louca-da-biologia, saí por aí carregando esse livro de 700 páginas na bolsa para todos os cantos e passei o mês inteiro falando sobre ele com todo mundo que eu pude.
Foi um mês divertido para todo mundo que estava perto, como vocês podem imaginar.
Escrito pelo jornalista David Quammen, esse livro levou vários anos para ser escrito e envolveu muita pesquisa, tanto bibliográfica quanto de campo. Quammen, no maior estilo Richard Rasmussen, visitou as ilhas mais longínquas do planeta para ilustrar o tamanho do problema em que estamos metidos: uma extinção em massa, grande como a do meteoro que inviabilizou a vida dos dinossauros. Só que dessa vez a natureza não tem muito a ver com isso. É, basicamente, culpa da nossa interferência no ambiente.
"Houve extinções antes e muitas extinções desde então, mas a extinção do dodô foi particularmente importante porque foi a primeira vez, a primeira vez em toda a história da humanidade, que o homem se deu conta de que ele havia provocado o desaparecimento de uma espécie."
Não vou desenvolver aqui todos os exemplos, tão sensacionais quanto o do Dodô, trazidos pelo Quammen nesse livro, porque todos eles são muito válidos e muito interessantes. Quammen personifica a luta pela preservação das espécies por meio de personagens muito interessantes, cientistas, pesquisadores, ambientalistas, moradores locais, populações inteiras, cidades, ilhas. Suas histórias enriquecem a narrativa e tornam o debate mais pessoal: o que as pessoas estão fazendo pelas espécies ameaçadas? E o que EU poderia estar fazendo?
Apesar da situação alarmante e do tom muitas vezes técnico, esse também é um livro com muitas tiradas engraçadas. Quammen é um narrador divertido, capaz de extrair uma risada até mesmo de situações mais tensas. Seu bom humor durante as situações mais inusitadas – um quase naufrágio, um assalto no Rio de Janeiro, visitar uma ilha habitada somente por formigas, conhecer uma pessoa que cria lagartos como se fossem gatinhos, etc – traz uma leveza que facilita a leitura e torna o assunto menos apavorante. "O mundo está acabando, sim, mas ouve esse causo, que bacana". Sei lá, me identifico.
"Segundo Darwin, as tartarugas de Santiago eram mais arredondadas e também mais pretas, além de terem 'melhor sabor quando cozidas' (Hoje em dia, os taxonomistas de tartarugas têm de abrir mão das evidências do paladar)"
Esse é um livro de grandes questões. Quanto tempo ainda temos antes de um colapso generalizado? Alguma dessas situações ainda é reversível? As espécies ameaçadas ainda tem chances de sobreviver? Quammen busca algumas dessas respostas, mas esse não é o objetivo central da narração. O que ele quer é instigar o debate. As ideias podem surgir de qualquer lugar, por mais improvável que pareça, por isso é extremamente importante que a gente continue divulgando as grandes perguntas.
Mesmo sendo um livro complicado de ler (tanto pelo peso teórico quanto pelo peso literal das 700 páginas), recomendo a todos que têm interesse em biologia, atualidade e meio ambiente. É um livro bem interessante, com dados científicos traduzidos para nós, que não somos cientistas. Vale a leitura e vale, principalmente, a reflexão. Até onde nosso estilo de vida vai nos levar?
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